Gateways de Satélites Artificiais
A indústria dos satélites artificiais, que começou a partir do ano 1957
com o lançamento do primeiro satélite artificial o Sputnik, evoluiu muito,
principalmente nos anos 80, quando vários países, inclusive o Brasil, colocaram
muitos satélites em orbita geoestacionária, tornando mais fácil as comunicações
de longa distância para muitos países em torno do globo.
Embora existam poucos países que dominam a tecnologia de lançamento de
satélites e centros de controle e rastreamento de satélites, qualquer país que
possua satélites artificiais precisa montar um gateway (uma estação de
comunicação e controle de seus satélites). Este gateway tem a função de agregar
todas as informações que devem subir para o satélite, enviar os comandos de
controle de posicionamento do satélite para manter a orbita definida.
No Brasil temos vários gateways ou centros de controle e comunicação com
os satélites artificiais. Para os satélites de orbita baixa, satélites que
coletam dados de recursos terrestres, existem 3 centros de controle no INPE,
sendo 1 em São José dos Campos, outro em Alcântara no Maranhão e outro em
Cuiabá, estes centros além de controlar os satélites brasileiros prestam
serviços de coleta de dados de satélites estrangeiros.
Para os satélites geoestacionários de comunicação, no Brasil existem 3
centros de controle, o primeiro em Tanguá no Rio de Janeiro, foi a primeira
estação de controle de satélites do Brasil e foi inaugurada em 1965, com uma
antena de 30 metros de diâmetro, quando o Brasil entrou para o consorcio
internacional Intelsat, que permitiu a transmissão em 69 do pouso do primeiro
homem na Lua e o campeonato de futebol em 1970, quando o Brasil foi tricampeão.
Em 1975 com a inauguração da segunda antena, o Brasil passou a usar um
canal exclusivo do Intelsat para comunicações domésticas que permitiu o início
das transmissões de TV para a região Amazônica. Em 1984 Tanguá já contribuía
com as comunicações marítimas via satélite e em 1987 uma segunda estação
terrena de satélites era inaugurada no Brasil, a estação de Morungaba em São
Paulo.
Com o lançamento do primeiro satélite brasileiro em 1985, foi inaugurado
a terceira estação terrena de controle para os satélites brasileiros Brasilsat
A1, a Estação de Guaratiba e tendo como backup a estação de Tanguá como
alternativa a Guaratiba no Rio de Janeiro. No ano seguinte foi lançado o
Brasilsat A2. Depois vieram os satélites de segunda geração os satélites B1, B2
em 1994 e B3 e B4 em 1999 e 2000.
Outras estações gateway para controle de satélites internacionais também
estão presentes no Brasil, como é o caso da Estação de controle de satélites da
Hispamar, um grupo espanhol que está instalado em Santa Cruz no Rio de Janeiro.
Localização dos gateways de satélites
A grande maioria dos gateways de satélites de comunicação e controle dos
satélites são localizados próximo a grandes centros urbanos, diferentes dos
gateways de pesquisa espacial que são normalmente posicionados em áreas remotas
e de grande altitude. O primeiro motivo da escolha de estar próximo a grandes
centros urbanos são relativos à demanda de dados, que nos centros densamente
povoados são naturalmente maiores em virtude do volume populacional.
O segundo fator é que devem estar localizados em áreas cercadas por
montanhas, que ajudam a eliminar os ruídos vindos do espaço sideral, bem como
sinais de rádio de emissoras de TV e radiofonia, que são bastante atenuados
pelos obstáculos naturais e diminuem o sinal ruido indesejável nas potentes
antenas dos gateways. As estações terrenas de Tanguá e Guaratiba estão em
regiões protegidas por montanhas e a menos de 50 km do centro do Rio, bem como
a Estação da Hispamar que fica em Santa Cruz, região com características
semelhantes a Guaratiba e a menos de 70 km do centro do Rio. Já em São Paulo a
Estação de Morungaba, também fica próximo a região montanhosa e está 100 km
próximo ao centro de São Paulo.
Evolução do mercado de satélites
Embora o mercado de comunicações por fibra óptica, hoje transporte mais
de 95% das telecomunicações no mundo, a evolução das tecnologias de satélites
artificiais tem apresentado um crescimento exponencial, principalmente em
relação aos satélites de baixa orbita, onde a capacidade de transmissão tem
aumentado, bem como a redução da latência, que proporciona excelente uso da
internet de alta velocidade.
Desta forma os satélites estão crescendo de importância no cenário
mundial uma vez que em muitos casos são a única opção de comunicação entre
pontos remotos do planeta, como também servem de alternativa a sistemas de
comunicação celular, no caso destes ficarem fora do ar em situação de
catástrofes naturais ou em situações de guerras, onde os sistemas de
comunicação são os principais alvos atingidos.
Rio de Janeiro, 15 de junho de 2022.
Meu email - cabreira.cn@gmail.com
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