Série-Gênios da Humanidade-Alexander Graham Bell

 

Escrever sobre gênios da humanidade, é uma forma de prestar uma simples homenagem a homens e mulheres, verdadeiros gênios, que fizeram a diferença para a humanidade. Nesta série de artigos vou falar inicialmente dos personagens que foram importantes no campo das telecomunicações, área que dediquei mais de 40 anos da minha vida, colaborando com o Brasil na digitalização das grandes redes de telecom.

Alexander Graham Bell, nosso primeiro homenageado foi um cientista, inventor e fonoaudiólogo britânico, naturalizado estado-unidense, inventou o telefone aos 29 anos de idade, e é considerado uma das maiores figuras da humanidade.

Alexander Graham Bell dizia “Inventor é uma pessoa que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito como as coisas como elas são. Quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É perseguido por uma ideia, possuído pelo espírito da invenção, e não descansa enquanto não materializa seus projetos”

Possuidor de uma curiosidade insaciável e um espírito criador incomum são os traços marcantes de sua personalidade. Seu nome é sempre associado a invenção do telefone, mas poucos sabem que inventou também o disco de cera para gravação sonora (que substitui o cilindro de gravação de Edison), aprimorando assim, o fonografo.

Criou ainda as primeiras sondas tubulares para exames médicos e um “colete a vácuo”, uma forma primitiva de um pulmão de aço, ou que ele foi quem mais estimulou a menina Helen Keller a aprender a falar, uma vez que era um fonoaudiólogo. Um outro invento foi o fotofone, um sistema de transmissão de mensagens por meio de raios luminosos, idealizado há mais de 100 anos, era a invenção preferida por Graham Bell, entretanto só pode ser viabilizada muitos anos depois, com a invenção da fibra óptica e do laser.

Os pais e avos de Graham Bell ganharam tradição e renome como especialistas na correção da fala e no treinamento de surdos-mudos, seu pai Alexander Melville Bell foi autor do livro “Dicção ou Elocução Padrão”, que chegou a ter mais de duzentas edições só em inglês.

Até os onze anos de idade, Graham Bell chamava-se simplesmente Alexander Bell, nome de seu avô, na escola a professora sugeriu-lhe que escolhesse um nome intermediário para se distinguir dos ascendentes, e o menino, depois de consultar os familiares, optou por Graham, em homenagem a um grande amigo de seu pai.

Nascido em Edimburgo, na Escócia, em 3 de março de 1847, Graham Bell era o segundo dos três filhos de Alexander Melville Bell e Eliza Grace Symonds. Tudo parecia conduzir o menino à mesma área profissional do pai, que sempre ganhou a vida dando aulas sobre um método por ele criado e utilizado até hoje para recuperação de surdos-mudos, o “alfabeto ou fala visível”.

Uma das preocupações de Graham Bell era criar aparelhos que facilitassem o treinamento de surdos ou deficientes da voz. A invenção do telefone confirma essa preocupação e a intensidade desse interesse. Sua escolaridade não foi, contudo, muito grande: um ano numa escola particular, dois anos na Edinburgh’s Royal High School, onde concluiu um curso equivalente ao colegial.

Depois de assistir algumas aulas como ouvinte na Universidade de Edimburgo e finalmente, um ano em Londres, no University College. Graham Bell seria pela vida afora um misto de professor e cientista, autodidata e missionário, empresário e sonhador.

Em 1868, torna-se assistente do pai, assumindo o cargo em tempo integral, quando o pai viaja aos Estados Unidos para dar cursos. Ocorre esta época, o primeiro grande choque emocional da família: o irmão mais velho de Graham Bell morre de tuberculose. Um ano depois, a mesma doença mata também o caçula.

As dificuldades econômicas da família aumentam, e a família muda-se para o Canadá, em 1870. Compram uma casa em Tutelo Heights, perto de Brantford, província de Ontário. A casa Melville, hoje conservada como relíquia histórica, com o nome de Solar dos Bell.

Um ano mais tarde, depois de algumas viagens curtas aos Estados Unidos, Graham Bell, então com 24 anos, muda-se para Boston, onde continua dando aulas, palestras e divulgando o método do pai para o ensino de surdos.

Nos anos de 1872 a 1875, Alexander Graham Bell e Elisha Gray (1835-1901), trabalhavam nos Estados Unidos, cada um por si, em projetos semelhantes. Essa simultaneidade só foi conhecida num congresso da União Telegráfica Internacional de São Petersburgo, Rússia, em 1875.

Gray dispunha de maiores recursos e já realizava pesquisas desde jovem, no Colégio Oberlin, em Chicago. Tinha boa reputação como professor de eletricidade e telegrafia na Universidade de Chicago.

Os projetos de Bell e Gray apresentavam semelhanças na utilização de lâminas ou diapasões vibrantes ligados a eletroímãs. Ambos pareciam ter chegado à ideia do telefone ao mesmo tempo, isto é, em 1874. Na primavera desse ano, Elisha Gray concluiu seu projeto mais extraordinário com um diafragma de aço diante de um eletroímã, ele havia construído um receptor praticamente igual aos telefones usados até os anos 80 do século passado, mas não dispunha de transmissor.

Bell tentava, ao mesmo tempo, construir transmissores e receptores com os complicados diapasões. No verão de 1874, Graham Bell pensa em construir um receptor de membrana semelhante ao de Gray, mas usando couro esticado. Sobre a membrana, ele cola uma lâmina metálica. O transmissor, contudo, é mais difícil, Graham Bell tem então a ideia, na primavera de 1875, de usar a força da indução de um pedaço de ferro numa membrana vibrante junto a uma bobina.

Nesta primavera de 1875, Alexander Graham Bell e Thomas Watson estavam trabalhando juntos, noite adentro, para tentar produzir o primeiro modelo prático do telefone. Thomas Watson foi muito importante na invenção do telefone, pois com sua habilidade incomum de modelista construía os protótipos pensados por Graham Bell.

Naquela noite de 2 de julho, terminavam a construção de dois aparelhos idênticos, um para ser usado como transmissor e outro como receptor, utilizando membrana de couro com placa metálica colada, bobina, núcleo de ferro etc. No entanto, eles não obtiveram o resultado imediato. As primeiras experiencias falharam, mesmo assim Bell e Watson continuavam trabalhando até alta madrugada.

Graham Bell dava aulas quase todo o dia todo e fazia seus experimentos á noite. Ambos estavam convencidos de que trilhavam o caminho certo, e nesta noite um curto-circuito provocado pelas lâminas dos diapasões acaba produzindo um efeito sonoro que poderia passar completamente despercebido a um homem comum, mas não passou a Graham Bell.

Ao soltar a lâmina presa, Watson a fez vibrar com intensidade e o som foi transmitido para o outro aparelho, o de Bell, na sala vizinha: “Watson o que foi isso? Não mude nada. Deixe me ver...” Estava nascendo o projeto final do telefone naquele dia. Bell e Watson discutiram até a madrugada e redesenharam totalmente os aparelhos, eliminam as lâminas e voltam à placa metálica sobre o diafragma de couro.

Graham Bell e Thomas Watson continuavam trabalhando com entusiasmo redobrado, agora morando em novo endereço: Exeter Place nº 5, numa casa sossegada e ampla, onde preparavam os desenhos e as descrições cuidadosamente para acompanhar o pedido de registro da patente.

No dia 14 de fevereiro de 1876, numa extrema coincidência, Bell e Gray ingressavam com o pedido de patente, mas Graham Bell teve uma vantagem: seu requerimento chegou ao US. Patent Office duas horas antes que o de Gray, e até este dia nenhum homem havia realmente falado pelo telefone, tudo eram projetos e sonhos avançados, parcialmente bem-sucedidos sim, mas na prática ainda permaneciam na condição de projetos não comprovados.

Graham Bell, intensificou seus trabalhos para aperfeiçoar seu invento. Gray, por outro lado, parecia perder as esperanças e considerar-se derrotado pela diferença de duas horas na primazia do registro, embora tivesse excelentes ideias e estava no caminho certo, ele não teve a persistência necessária e um modelista talentoso como Thomas Watson.

Em 7 de março de 1876, foi deferida a patente do telefone para Alexander Graham Bell e com o desenvolvimento do telefone completado, era preciso correr para conseguir um lugar na Exposição do Centenário da Independência dos EUA,         na Filadélfia, que seria realizada em 4 de junho de 1876.

Embora Graham Bell não tenha tido tempo de instalar o telefone na seção da eletricidade, a ala mais nobre da feira, o invento teve que ficar num canto mais humilde, no pequeno pavilhão da mostra educacional do Estado de Massachusetts, a visita de um personagem ilustre, Dom Pedro II, então Imperador do Brasil, que ali experimenta em público o telefone diante de jornalistas e personalidades ilustres: profere a frase que se transforma em manchete dos jornais no dia seguinte My God, it talks! Projetando o invento de Graham Bell e consagrando o telefone já nos primeiros anos.

Mas a vida de Graham Bell não foi tão fácil, um ano depois de sua invenção, o telefone de Alexander Graham Bell, ainda era ironicamente considerado um brinquedo, e seu inventor um excêntrico. Jornalistas e periódicos famosos ridicularizavam a utilidade pratica de um aparelho que possibilitasse a transmissão da voz humana à distância.

Mesmo com as demonstrações e as sucessivas conferências e palestras de Graham Bell em Boston, Washington, Baltimore, Filadélfia ou Pittsburgh, ainda assim a resistência da maioria das pessoas era grande à ideia da utilidade social e econômica do telefone.

Mas Graham Bell não se abalou, continuou persistindo e fundou a Bell Associates Co. que em 1877 já possuía 3 mil telefones em funcionamento e recebeu da gigante Western Union Telegraph Co. proposta de 100 mil dólares pela aquisição de sua patente, o que Graham Bell recusou.

Diante da recusa de Graham Bell, a Western comprou as patentes de Elisha Gray e Thomas Edison, com o objetivo de aperfeiçoar o aparelho e explorá-lo comercialmente. Em Londres a Electric Telephone Company, passa a explorar as patentes de Bell, diante das ações lesivas da Western Union, a Bell Company iniciou a primeira questão judicial, reivindicando sua participação na venda de todos os telefones fabricados segundo suas patentes.

Graham Bell venceu todas as seiscentas ações judiciais sobre patentes ao longo dos dez anos seguintes, sendo que a última grande batalha aconteceu e 1887, onze anos depois da invenção do telefone. Em 1915, Graham Bell e seu grande auxiliar Thomas Watson, inauguram a linha telefônica de longa distância, entre Nova York e São Francisco.

Ao longo de sua vida, Graham Bell, obteve dezoito patentes em seu nome e outras doze em conjunto com colaboradores, do total catorze são relativas ao telefone e ao telegrafo, quatro dizem respeito ao fotofone, uma ao fonografo, cinco a veículos aéreos, quatro a hidroaviões, duas a um tipo de pilha elétrica de selênio.

Fundou, com seu sogro, a Bell Telephone Company e ajudou a organizar a New England Telephone & Telegraph Company.

Sua companhia a Bell Telephone Company em 1879 compra a Western Union e as patentes do microfone de carbono, criado por Thomas Edison, isto tornou o telefone mais eficiente em chamadas de longa distância.

A Bell e a New England fudiram-se em 1879 para formar a National Bell Telephone Company e em 1880 fundiu-se com outras para formar a American Bell Telephone Company. Em 1889, a American Telephone &Telegraph Company (AT&T) adquiriu os ativos da American Bell Telephone Company e mais recentemente a AT&T sofreria fusões com a SBC Communications e a BellSouth tornando-se a Nova AT&T.

Durante sua longa história, a AT&T foi por muitas vezes a maior empresa de telefonia do mundo, a maior operadora de televisão a cabo do mundo. Em seu auge nos anos 1950 e 1960, empregava um milhão de pessoas e sua receita era aproximadamente 3 bilhões de dólares por ano.

Este grande gênio da humanidade, mesmo com mais de 70 anos, ainda escalava montanhas, nadava nos lagos tranquilos da Nova Escócia, nos   deixou um dos maiores legados da tecnologia moderna no planeta. Com seu invento gerou riqueza e mudou vidas em todo o mundo, e continua mudando vidas com as maravilhas que hoje desfrutamos.

Concluo por aqui, este breve relato sobre este importante personagem, espero que você que chegou até aqui tenha gostado, e se possível deixe seu comentário, que terei muito prazer em ler e agradecer. Meu muito obrigado e até o próximo artigo da Série Gênios da Humanidade.

Rio de Janeiro, 2 dezembro de 2023.

Comentários

  1. A escrita do Cabreira é como uma brisa fresca em um dia quente: clara, concisa e extremamente agradável de ler. Sua didática impecável torna os assuntos mais complexos acessíveis a todos.

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