Série Descomplicando as Telecomunicações – O Telégrafo

 

Quando comecei a escrever sobre consultoria me dei conta que estava escrevendo para um público da área tecnológica e que muitas pessoas não iriam se interessar pelos assuntos, então pensei e se eu tentasse escrever de forma que qualquer pessoa pudesse se sentir atraída pelo assunto "telecomunicações" e continuasse lendo até o final, foi nesse instante que comecei a escrever este primeiro artigo sobre este fantástico mundo, o mundo das telecomunicações, que aproxima cada vez mais os seres humanos tornando a cada dia, nosso planeta uma única aldeia global.

Um pouco de história..

Desde a antiguidade os seres humanos tentam se comunicar a distância, foi assim na Grécia antiga através fogueiras em série, os índios australianos e pré-colombianos com os sinais de fumaça, mas desde a época pré-histórica até o século 18, os meios de transporte das mensagens de um ponto a outro não andavam mais rápido que um cavalo, ou de um pombo-correio ou do que um veleiro. Embora já no século 18 os cientistas já conhecessem como armazenar a eletricidade estática, foi através de uma experiência nos arredores de Paris, que o cientista Jean Nollet em 1746, demonstrou que a eletricidade podia viajar por fios de ferro, quando reuniu 200 monges unidos um ao outro por um longo fio de ferro, formando uma cadeia humana de quase um quilometro, sendo que o cientista pediu ao primeiro monge tocar no condensador que guardava eletricidade estática, instantaneamente todos os monges ao longo receberam a descarga, provando que a eletricidade poderia viajar em longas distancias, embora os fios já existissem passou quase um século até o telégrafo de Morse pudesse revolucionar o mundo.

Ainda no século 18, em 1790 um sistema de torres de comunicação que passavam mensagens visuais, idealizadas pelo cientista amador Claude Chappe, foram construídas pelo exército francês, uma cadeia de torres, distantes uma das outras 16 km, ligando Paris á Lion estas torres passavam mensagens codificadas a 160 km/h, um grande avanço para a época, impulsionado por Napoleão no início do século 19 já existiam mais de 500 torres por toda a França. Até que o telegrafo elétrico de Samuel Morse aposentou o telegrafo visual de Chappe.

Samuel Morse que era americano estava visitando a França e ficou impressionado com este sistema de comunicação de Chappe, que em 1822 já transmitia uma mensagem a 300 km/h e comentou com um amigo que deveria haver um meio mais rápido de comunicação, como uma faísca elétrica num fio. Samuel Morse não era cientista, era pintor, mas deu ao mundo a comunicação instantânea e trabalhou por 12 anos em seu telégrafo, era professor de artes numa Universidade na América, mas muito determinado criou uma codificação com pontos e traços, que mais tarde ficou conhecida pelo código Morse. Em 1837 seu telegrafo já transmitia por mais de 16 km de fios pendurados numa sala na Universidade e passou anos demonstrando seu invento, mas ninguém lhe dava crédito. Ele patenteou seu invento em 1840 e continuou insistindo e 1943 obteve verba governamental para construir uma linha telegráfica entre Baltimore e Washington de 65 km de fios e em 24 de maio de 1844 no porão do Capitólio ele teclou as palavras "Que obras fez Deus!" e instantaneamente as palavras chegaram a Baltimore, seu invento se espalhou rapidamente como uma internet da época, em 1850 já havia uma grande rede telegráfica nos Estados Unidos.

Se fizermos uma analogia do código de Morse de pontos e traços criados por Morse ele estava criando a primeira forma de transmissão digital com dois caracteres "ponto" e "traço", o mesmo que os Lasers fazem hoje "ligado" e "apagado" nas transmissões de bilhões de informações por segundo, mas por mais de 4 décadas os telegrafistas usavam seu invento para a comunicação no mundo, teclando manualmente as mensagens.

As distancias terrestres já estavam menores, mas a humanidade precisava vencer os oceanos e em 1858 o telegrafo cruzou o oceano Atlântico, ligando Nova York a Londres, dois navios se encontraram no meio do oceano e partiram um para Londres outro para Nova York. Em 1875, já existiam mais de 160.000 km de cabos submarinos conectando outras cidades na Europa e Estados Unidos.

O Telégrafo ..

Até aqui, a invenção mais importante foi o telégrafo de Morse, que colocou as comunicações da humanidade na velocidade da luz, criou milhares de emprego de telegrafistas que se revezavam enviando mensagens pelo mundo, mas como é o princípio básico desta invenção, depois de muitas tentativas Samuel Morse chegou a versão mostrada na figura abaixo.


A chave manipuladora é o aparelho emissor, que ligado a um sistema de fios de longa distância, a linha telegráfica, aciona no outro extremo o receptor, um eletro-imã que aciona um dispositivo que escreve pontos e traços numa fita de papel e tem a função de reconstituir o sinal enviado pelo emissor. Para este tipo de comunicação Morse codificou as letras do alfabeto e algarismos em os pontos e traços, sendo um ponto, um toque curto na alavanca e um traço um toque mais longo, estes dois símbolos curto e longo foram codificados representando letras e números, por exemplo o sinal de pedido de socorro SOS, muito conhecido, a letra S em Morse são conhecidas por 3 pontos e o O por 3 traços, então a sequência de ...---... foi convencionada internacionalmente como pedido de socorro.

Com o tempo outras melhorias foram adicionadas ao telégrafo de Morse, como um sinal sonoro que permitia ao operador identificar ponto e traços com sinais sonoros curtos e longos, permitindo a imediata interpretação da mensagem pelo receptador. Muito utilizado na segunda guerra mundial o telégrafo teve uma vida longa, sendo transmitido por ondas de rádio, evoluiu para o telex com máquinas automáticas que se comunicavam entre si. Em 1987 com a criação do e-mail comercial o telex precursor do telégrafo foi aposentado e virou peça de museu.

Bem se você chegou até aqui, agradeço a você sua leitura, deixe seu like ou comentários e em breve estarei escrevendo sobre outra grande invenção das telecomunicações - o telefone.

Grande Abraço...e até breve...

Cabreira (Nobre Cabreira) C N | LinkedIn


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