A Tecnologia das Ferrovias – Parte 1 – Introdução
Na história da humanidade a invenção do motor a vapor que surge
no século 17, e começa a ser utilizado dentro de fábricas movimentando máquinas
de tecelagem, mas a ideia de utilizar o vapor começa muito antes no século I,
quando Heron de Alexandria cria a primeira máquina a vapor chamada de eolípila,
que embora demostra-se um movimento circular nunca teve uma aplicação pratica.
Somente no século 17, quando Thomas Savery, um engenheiro
militar inglês, cria um motor a vapor que leva o seu nome e foi utilizado em
fabricas de tecelagem e começa a primeira revolução industrial. Quase 20 anos
depois, já no século 18, Thomas Newcomen projeta uma nova máquina que foi
utilizada dentro de minas de carvão, e retira das costas do cavalo a carga de
puxar pequenos vagões sobre trilhos de madeira.
Ainda no século 18, em 1769, o primeiro veículo a vapor conhecido
pela humanidade foi criado por Joseph Cugnot, um triciclo movido a vapor, que
pode ser considerado o primeiro veículo movido pela força de uma caldeira que
produzia pressão através da água aquecida. Entretanto foi em 1777, que James
Watt, um matemático e engenheiro inglês, criou o motor a vapor de água mais
importante, que foi uma adaptação do motor de Thomas Newcomen.
Até está data a humanidade não conhecia um tipo de
transporte que não utilizasse animais, principalmente cavalos, que
proporcionavam um transporte individual e coletivo como as diligências. A
velocidade na época era em torno de 12 km/h, mas em percursos longos havia a
necessidade de trocar os cavalos que ficavam exaustos com os trajetos
definidos.
Surgia agora uma nova força, que poderiam substituir os
cavalos, e por isso essa nova força foi medida em cavalos de força, como o nome
em inglês HP (horse power) e depois
relacionada a Watts em homenagem a James Watt, que aperfeiçoou o motor de
Thomas Newcomen. Agora a humanidade poderia sonhar com velocidades maiores em
suas necessárias viagens.
O motor a vapor, também chamado de máquina a vapor ou ainda
turbina a vapor, é um tipo de máquina térmica que explora a pressão do vapor,
originado no princípio de que o calor é uma forma de energia, que pode ser
transformada em movimento, que pode produzir trabalho. Seu funcionamento obedece
às leis da termodinâmica.
Muito embora a invenção da combustão interna no final do
século 19, parecia ter tornado obsoleta a máquina a vapor, ela ainda até hoje é
utilizada nos reatores nucleares que produzem a geração de eletricidade. A
máquina a vapor vem servindo a humanidade há mais de 200 anos e talvez não seja
substituída totalmente nos próximos 100 anos.
Na máquina a vapor, o fluido de trabalho é o vapor de água
sob alta pressão e a alta temperatura, sendo que o funcionamento de uma turbina
a vapor baseia-se no princípio da expansão do vapor, gerando diminuição na
temperatura e energia interna, esta energia interna perdida pela massa de gás
reaparece na forma de energia mecânica, pela força exercida contra um embolo,
projetado para receber esta energia e transformar em movimento.
Este movimento, genialmente aproveitado pelo homem transformou
o cenário da humanidade quanto a locomoção em grandes distancias numa realidade
possível e surgiam no limiar do século as primeiras máquinas a vapor capazes de
transportar cargas e pessoas em longas distancias.
O motor a vapor já tinha mais de 100 anos de existência,
quando em 1804, como motor de uma locomotiva, moveu-se pela primeira vez sobre
a terra, utilizando sua própria potência. Por volta de 1825 já havia
conquistado seu próprio lugar e graças a ele, o mundo moderno realmente
deslanchou.
Desde o seu aparecimento como forma de transporte, o trem
tem exercido um enorme poder de fascínio. Durante muito tempo, foi associado a
própria ideia de viagem e ainda pela presença do vagão postal, as comunicações
entre as pessoas ganhava outro modal importante.
O progresso humano foi acelerado com a estrada de ferro e o
trem ao se integrar por direito próprio a todo o tipo de paisagens, tanto
urbanas como rurais, alimentou a imaginação de artistas e escritores, criando
um cenário ideal para o mundo cinematográfico.
Entre as invenções que definem a era moderna, a ferrovia
ostenta uma posição privilegiada. A era das viagens em massa, do transporte de
cargas, da rápida distribuição de mercadorias nos níveis nacionais e
internacionais tinham chegado. As ferrovias converteram-se em uma
infraestrutura vital para o comercio e a indústria nos vastos domínios da
África, da Australia e Asia.
Seu valor estratégico foi percebido perfeitamente desde o início
entre as nações europeias rivais. O potencial da nova máquina deu azas a
audácia e ao talento de técnicos e engenheiros. Grandes obras, tuneis e
viadutos, comunicação elétrica, técnicas de sinalização e grande obras de
arquitetura para o grande público.
A revolução que o trem significou para determinadas
comunicações, que até então se desenvolviam com lentidão, por outro lado, ainda
que de forma menos evidente, a existência e a demanda das ferrovias
impulsionaram a experimentação e o conhecimento em relação a gestão comercial e
ao desenvolvimento da medição de precisão, da metalurgia, da estatística, da
física e da dinâmica.
Durante mais de cem anos, a potência do vapor foi a base da
ferrovia. O carvão foi o combustível principal, embora outros materiais também
fossem utilizados para gerar vapor, desde a madeira até a turfa, desde o bagaço
da cana de açúcar e até resíduos de algodão e sabugos do milho e em maior
proporção a partir da década de 1850, o petróleo.
O grande período da ferrovia a vapor foi de 1850 a 1920,
dominando durante este período, o transporte terrestre. A invenção dos motores
a combustão interna, que facilitaram o transporte em rodovias, não representou
uma grande ameaça a princípio, embora a tração elétrica que teve grande
acolhida pelos países que não possuíam carvão, como a Itália, substituiu
algumas linhas a vapor suburbanas, pelos bondes elétricos, que proporcionaram
um serviço complementar aos trens.
A primeira guerra mundial acelerou a utilização de
automóveis e caminhões e a criação por Henry Ford da linha de montagem para
automóveis e caminhões a motor a explosão na década de 1920. Começou então uma
verdadeira rivalidade entre automóveis, caminhões ônibus e trens nas nações
mais industrializadas.
A ferrovia reagiu, adotando novas tecnologias e construindo
locomotivas a vapor maiores, mais rápidas e mais eficientes. Mais do que em
qualquer outro lugar, este processo foi muito evidente nos Estados Unidos, onde
foram construídos verdadeiros gigantes a vapor, apesar de que já naquela época
a glória das locomotivas a vapor estava sendo ofuscada pelos motores a diesel e
elétricos.
Na década de 1950, a tração a vapor decrescia de forma muito
rápida. Os motores elétricos e a diesel ofereciam maior rendimento a um preço
melhor, o que permitia incrementar a velocidade e a utilização em rotas
principais.
Sendo neto e filho de ferroviários, lembro de meu pai
preocupado com o crescimento vertiginoso da indústria automobilística e o
sucateamento no Brasil das redes ferroviárias. Do meu avô não tenho lembranças,
pois morreu quando tinha apenas 2 anos, mas meu pai contava orgulhoso, da
dedicação que tinha por sua locomotiva a vapor de quatro pistões e tração nas
seis rodas e metais dourados sempre brilhando.
A locomotiva a vapor passou a ser cada vez menos usadas em
trens de passageiros já que as unidades múltiplas, diesel elétricos que
incorporavam sua própria propulsão motora, absorveram o trânsito local e de
longa distância, e mais adiante os sistemas ferroviários foram gradualmente
reduzidos já que o avião e as autoestradas foram absorvendo cada vez mais o tráfego
interurbano.
Somente China e Índia, que foram os últimos países a adotar
o transporte ferroviário movido a vapor, os trens se mantiveram como principal
meio de transporte nacional. Mas conforme o século 20 avançava e a tecnologia
evoluía, as ferrovias entravam numa nova fase de crescimento, motivado pelos
grandes congestionamentos nas estradas observados em todo o mundo.
A tecnologia das linhas de ferro, com sistemas de
sinalização extremamente sofisticados devido e evolução da eletrônica de alta
integração e o desenvolvimento de motores elétricos de alta performance tornou
o sistema ferroviário competitivo e avançado para competir com os aviões em
deslocamentos interurbanos de média distância.
França e Japão foram os pioneiros em construção de linhas de
alta velocidade para passageiros, assim como a informática e a eletrônica
digital melhoraram os processos de logística tornaram o transporte de carga
ferroviário competitivo. Grandes iniciativas de engenharia permitiram a conexão
ferroviária entre a Grã-Bretanha e a França sob o canal da Mancha e as ligações
entra a Dinamarca e a Suécia, bem como entra as Ilhas Japonesas.
Desde a primeira ferrovia no mundo movido a vapor, até os
atuais linhas de levitação magnéticas transcorreram menos de 200 anos. Não há
nenhuma dúvida que a ferrovia tem um futuro promissor, além de um passado
fascinante.
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